sexta-feira, 27 de abril de 2018

LEVANDO TEATRO AO INTERIOR

Matéria da Gazeta de Alagoas
Caderno B

Larissa Barros - Repórter

PROJETO CENA EM FLUXO, DA CIA. DO CHAPÉU, PRETENDE FAZER INTERCÂMBIO COM TRUPES DE PENEDO E ARAPIRACA


Remendó, da Cia Flor do Sertão de Penedo, faz parte o projeto. Foto: divulgação

A ideia é levar cultura ao interior – proporcionando momentos de troca e intercâmbio – e, de quebra, “arejar” os palcos da capital. É por aí o que pretende a Cia. do Chapéu com o mais novo projeto da trupe, o Cena em Fluxo. Para tirar isso do papel, porém, é necessário dinheiro e, sem apoio do poder público, caberá mesmo aos fãs de teatro fazer isso acontecer.

E quem quiser ajudar tem até as 23h59 do dia 15 de maio. É até quando fica no ar a campanha de financiamento coletivo aberta pelo grupo no site Catarse. O objetivo é angariar R$ 14.207,00, que serão utilizados em transporte, alimentação, hospedagem, confecção e envio dos brindes para quem participar. Até agora, 28 pessoas colaboraram, com a arrecadação de R$ 2.800.


Um dos integrantes da Cia. do Chapéu, Thiago Sampaio destaca a importância da participação popular. “Começamos bem, porém, os apoios ficaram mais escassos recentemente, o que nos preocupa, pois, sem esse apoio, teremos que redimensionar a proposta, que já é bem compacta. Todo valor doado será devolvido caso a meta não seja atingida”, explica.


Por meio do projeto, a trupe pretende passar por Penedo e Arapiraca para apresentação dos espetáculos Alice!? e Tarja Preta, que terão produção local da Cia. Flor do Sertão (Penedo) e Raízes da Terra (Arapiraca). Em seguida, a lógica se inverte, e esses dois grupos vêm até Maceió com as peças Remendó (Cia. Flor do Sertão) e Le Monde Bleu e Mateu Errante, Mateu Brincante (Cia. Raízes da Terra).


“Esse projeto possibilita o encontro entre artistas e também o deles com públicos diferentes. Cada grupo tem seu modo próprio de criar e dialogar com o público. Essa diversidade é um dos aspectos fundamentais do projeto, pois são espetáculos diferentes viajando por lugares relativamente próximos, porém, que praticamente não se conhecem”, acrescenta Thiago.


Quer entender melhor como funciona o Cena em Fluxo? Confira a entrevista:


Gazeta de Alagoas: Sobre o que trata o Cena em Fluxo? 

Thiago Sampaio: A ideia se sustenta nos seguintes objetivos: estimular a circulação da produção cênica local no próprio Estado e estabelecer parceria entre grupos locais. Em termos práticos, o que vai acontecer é a ida da Cia. do Chapéu às cidades de Penedo e Arapiraca para a apresentação dos espetáculos Alice!? e Tarja Preta, sob a produção local da Cia. Flor do Sertão (Penedo) e Raízes da Terra (Arapiraca), e, em seguida, esses dois grupos vêm até Maceió para apresentar os espetáculos Remendó (Cia. Flor do Sertão) e Le Mond Bleu e Mateu Errante, Mateu Brincante (Cia. Raízes da Terra). Pretendemos, com isso, além de gerar certo “arejamento” dos palcos locais, proporcionar momentos de troca e intercâmbio entre grupos, para nos conhecermos melhor e falarmos sobre nossos processos criativos. 


Como vai funcionar a troca com esses outros grupos?

Além dos grupos exercerem o papel de produtores locais para os visitantes, também estão previstos momentos de debate sobre os seus processos criativos e a possibilidade de articulações de outros projetos em conjunto.


Vocês estão fazendo um financiamento coletivo. Como surgiu a ideia?
Bom, nós sempre sentimos a necessidade de circular com nossos trabalhos e, apesar de Alagoas ser um Estado pequeno, não existe um sistema ou mecanismo que favoreça a circulação de suas produções artísticas e culturais. O que acontece são projetos pontuais. Sem falar que o contexto atual do País é de significativa precarização da arte e da cultura. Então resolvemos nós mesmos inventarmos uma maneira de realizar nosso desejo. E o financiamento coletivo se apresentou como uma alternativa, afinal, estamos articulando tudo por nossa própria conta, buscando parcerias tanto na capital quanto no interior. Cada grupo está assumindo o papel de produtor local, buscando alternativas em seus contextos que favoreçam a realização da ideia, seja com local de apresentação, hospedagem, alimentação... 


E como está o andamento dela? 

Começamos bem, porém, os apoios ficaram mais escassos recentemente, o que nos preocupa, pois, sem esse apoio, teremos que redimensionar a proposta, que já é bem compacta. Todo valor doado será devolvido caso a meta não seja atingida. Por isso, buscamos várias maneiras de alcançar as pessoas, sensibilizá-las para que doem algum valor e também difundam a ideia. 


Em que será empregado o dinheiro caso a campanha seja bem-sucedida?

Os valores envolvidos na campanha se referem a transporte, alimentação, hospedagem, confecção e envio dos brindes (de acordo com os valores doados, presentearemos os apoiadores com diferentes recompensas: ingressos, cartazes, camisas, canecas, ímã de geladeira etc), além da porcentagem da plataforma Catarse, pelo suporte da campanha.


Qual a importância de um projeto como esse? 

Arte é sempre importante. Alagoas é subestimada na sua produção artística e cultural. Esse projeto possibilita o encontro entre artistas e também o deles com públicos diferentes. Cada grupo tem seu modo próprio de criar e dialogar com o público. Essa diversidade é um dos aspectos fundamentais do projeto, pois são espetáculos diferentes viajando por lugares relativamente próximos, porém, que praticamente não se conhecem. Esperamos que essa iniciativa estimule outros artistas a buscarem nos seus pares os seus principais apoiadores. É o que estamos buscando com essa proposta.


Já pensam em fazer outros do tipo?

Essa edição do Cena em Fluxo é uma versão embrionária. Se tudo correr bem, pretendemos expandir para outras cidades e, quem sabe, até para fora do Estado. Sabemos que tem artista em todo canto, e público também. Estamos interessados nesse encontro.