Magnun: O que é intervenção cênica para você?
Magnun: Por que faz intervenção?
Magnun: O que acha mais importante quando esta intervindo?
Magnun: Fale o que quiser sobre as ações intervencionistas da Cia do Chapéu.
Magnun: O que é intervenção cênica para você?
Magnun: Por que faz intervenção?
Magnun: O que acha mais importante quando esta intervindo?
Magnun: Fale o que quiser sobre as ações intervencionistas da Cia do Chapéu.
O Mês das Intervenções é uma ação iniciada em 2007, a princípio com o propósito de uma investigação particular da Cia. do Chapéu, mas que hoje ganha um outro perfil, o de mobilizar a classe artística alagoana num movimento que tome a cidade com obras de arte diversas, chegando mais próximo do público, exigindo dele uma posição menos contemplativa e mais participativa.
Uma vez que em Alagoas, o objeto artístico é ainda pensado para espaços específicos, como teatro, salas de cinema e museus, a Cia. do Chapéu se propõe repensar o espaço da Arte, ocupando, muitas vezes de forma fortuita e quase imperceptível, ruas, paradas de ônibus, praças, praias, ônibus coletivos, com ações extra-cotidianas, objetos artísticos, poesia, música, dança, que provoquem um estranhamento em quem esteja presente ou passando e o possibilite também compor essa manifestação, sendo elemento essencial na realização da mesma.
Nos propomos a essa experiência por acreditarmos no potencial criativo dos artistas alagoanos e dos não alagoanos residentes em nosso Estado, por acreditarmos no poder da criação artística coletiva como transformadora de pensamentos e posicionamentos diante da vida e, finalmente, por acreditarmos que a Arte produzida em Alagoas é antes de mais nada uma Arte produzida no mundo.
Engraçado é que quando eu era criança, por volta dos meus 5, 6 anos eu queria muito ser desenhista, ter a liberdade e possibilidade de imaginar, conceber e encarar o mundo das formas mais variadas e fantásticas, também encontrei isso no teatro, na dança, na performance e principalmente nas intervenções.
Com as intervenções obtive claro entendimento de que é muito difícil controlar o que sentimos, mas ao mesmo tempo ter a consciência de estar proporcionando a quem presencia uma intervenção, um momento único de reflexão, questionamento e apreciação.
Hoje eu vejo que quando criança eu já pensava de uma forma conduzida pela arte, ou ao menos, de almejando isso, esse mundo. E ao mesmo tempo, percebo minha responsabilidade quanto artista, tenho que ser honesto, generoso e audacioso.
Riacho Salgadinho, Maceió – Alagoas... poluído desde que posso me lembrar. A idéia surgiu de uma foto de alguns artistas paulistas onde eles estavam vendendo o rio Tietê, somado a minha indignação por rio que corta praticamente toda a cidade está poluído e os governantes e a população não se responsabilizam.
Fiz uma placa que dizia: “Vende-se este rio”, me coloquei num cruzamento no bairro do poço ao lado do riacho com minha placa e sacos cheios de água que me serviam como expositor. Lá, sempre que o semáforo fechava para os carros, eu me diria até os carros e oferecia o rio para os motoristas. Perguntas surgiram, tais como: “Quanto custa?”, “Por um acaso o rio lhe pertence?”, “por que você tá vendendo o rio?”... Mas em geral as pessoas não queriam comprar e alegavam que era porque o rio estava podre. Durante todo tempo eu instiguei as pessoas, questionando que o rio só estava nessa situação porque ele não tinha um dono. Tentei vender até mesmo para um motorista de um dos carros da Secretária Municipal de Saúde, mas ele não quis comprar. As pessoas também não queriam o rio de graça.
Esta intervenção me levou a um pensamento: em nenhum momento eu me preocupei em criar um personagem, era eu quem queria realmente vender o riacho Salgadinho, era eu indignado com a poluição e falta de cuidado.