A Cia do Chapéu é um coletivo de artistas cênicos com 16 anos de atuação ininterrupta em Alagoas, contando ainda com apresentações em outros Estados, como Pernambuco e Paraíba. Sua formação tem início a partir da realização de jogos e improvisações no centro comercial de Maceió em 2002, tendo seu primeiro espetáculo estreado no ano seguinte, em 2003. Desde então, somam-se ao seu histórico 7 peças (duas delas contempladas com prêmios de fomento à arte, um estadual e outro nacional); produções locais de grupos visitantes; o projeto de intervenções urbanas "Jornada de Intervenções" (2007 - 2012); o "Chá da Tarde", espaço de diálogo entre a classe artística a respeito de questões pertinentes à área; além de uma série de ações voltadas para empresas e instituições educacionais. E desde 2016, a Cia do Chapéu integra o conjunto de grupos locais responsável pela gestão e realização do Festival de Artes Cênicas de Alagoas (FESTAL), projeto contemplado 3 vezes consecutivas com o Prêmio do Edital Algás Social.
Dando segmento a essa história de resistência e atividade contínua, a Cia do Chapéu preparou uma programação intensa de ações para esse ano de 2019. E sua primeira iniciativa é a realização de mais uma temporada do espetáculo “Alice!?”, cuja estreia se deu em 2016, compondo repertório ativo do grupo desde então. O espetáculo fez parte do projeto de comemoração dos 15 anos da Cia e constitui uma revisitação à montagem do mesmo texto produzida pelo grupo em 2007.
Se na primeira versão de “Alice!?”, a obra do inglês Lewis Carroll, sob a adaptação de Eris Maximiano e Thiago Sampaio, é utilizada como um pretexto para se falar sobre o universo do teatro e os limites entre ator e personagem; na versão mais recente, a encenação é tecida a partir da questão da identidade, do “ser” enquanto algo incompleto, transitório, mutável de acordo com suas inquietações internas e também a partir da sua relação com o mundo que o cerca. Nesse sentido, o grupo se lança ao desafio de investigar os limites sempre provisórios entre cena e cotidiano, dentro e fora, ser e não ser, coletivo e particular. A fluidez que marca o ritmo da vida e seu processo constante de transformação são o alvo do trabalho; o lugar da investigação do grupo, na condição de agente da arte e cultura, neste momento tão delicado da história do país. A escolha por essa abordagem se mantém conectada à obra de Carroll na medida em que a personagem Alice entra num mundo totalmente estranho ao que conhece e passa a se confrontar com dúvidas sobre si mesma, sobre o que sabe, o que pensa, o que diz a respeito de si e do mundo. Para ela, a grande charada é justamente a pergunta “quem sou eu?”.
O espetáculo “Alice!?” teve seu processo de montagem iniciado em março de 2016, estreando em novembro do mesmo ano, no Sesc Centro, compondo a programação do 2º FESTAL e ainda teve o privilégio de participar do encerramento da Exposição "Jardim em Suspenso", da artista Karla Melanias, em março de 2017, na Pinacoteca Universitária. Durante a criação, jogos, improvisações, estudo de texto, composições musicais e cênicas foram delineando uma encenação centrada na ideia de que o novo está sempre surgindo em cena e ressignificando nossa forma de construir o mundo. Nesse processo, o que se dá a ver em cena é fruto da tensão entre as ideias que foram permanecendo por meio da repetição e novas soluções que aparecem a cada ensaio e apresentação. Dessa forma, compreendemos que todos os envolvidos (elenco, músico, direção), inclusive o público, partilham a mesma responsabilidade pelo que é apresentado, vivenciando um jogo permanente entre o que é possível determinar e o que surge de forma imprevista enquanto novidade a cada em toda sessão.
No mês de maio, o espetáculo “Alice!?”, da Cia do Chapéu, estará em cartaz numa curta temporada, sempre às sextas e sábados (03, 04, 10 e 11/05), às 20h, no Complexo Cultural do Teatro Deodoro. Os ingressos serão vendidos uma hora antes da apresentação, nos valores de R$ 10,00 (meia) e R$ 20,00 (inteira).
O espetáculo apresenta em seu elenco os atores e atrizes Donda Albuquerque, Joelle Malta, Laís Lira, Larissa Lisboa, Magnun Angelo e Rick Galdino, sob a direção de Thiago Sampaio e música de André Cavalcante. E conta com o apoio da Diretoria dos Teatros de Alagoas – DITEAL.